quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Amor - Clarice Lispector (Programa de Livros - Vestibular Unicamp 2016)

A Unicamp acabou de lançar sua lista de livros próprias para o Vestibular 2016!

Dos 13 livros do programa, comecei pelo conto "Amor" do livro Laços de Família da aclamada Clarice Lispector.
Escolhi começar por contos por ser uma leitura mais rápida.

Minhas Impressões

Personagem principal: Ana.
Personagens secundários: filhos, marido, cego mascando chiclete.

A história começa com Ana voltando das compras em um bonde.
No começo, conta-se como a vida de Ana é boa. Satisfatória. O "sonho" de toda mulher: filhos, marido, apartamento, comida boa... Tudo como deveria ser, cada coisa em seu devido lugar...
Podemos perceber que Ana gosta de se sentir "requisitada", "necessária". Não se sente bem quando tudo se ajeita sozinho, quando não precisam dela para continuar os afazeres cotidianos. E, por isso, desenvolve o hábito de melhorar tudo o que faz. Segundo ela, tudo pode ser aperfeiçoado, melhorado.
Passa a impressão de querer ocupar todo o seu tempo possível, para não ter tempo para pensar em si mesma. Ela vive para a família, para a sua casa.
Depois que deixou a juventude para trás, descobriu que era possível viver sem buscar a felicidade...

Bem, eis que no meio do caminho de volta para casa no bonde, ela avista um cego. Um cego mascando chiclete. E isso acaba com a perfeição da vida dela. A aura de "está tudo bem" acaba.
Acredito que o cego simbolize a impossibilidade de mudança. A aceitação. E o fato do mascar chiclete, uma ação comum, banal, representa ainda mais essa aceitação. Aceitar o que a vida impôs. 
Nesse ponto, acredito que ela tenha enxergado a si mesma no cego. Aceitando a vida que surgiu em sua frente. Vivendo sem questionar. Apenas se adequando à um molde que foi "imposto".
A partir de então, ela passa a não se encontrar mais. Fica desorientada. Não consegue entender mais o papel que desempenhava até então. 
Começa a sentir mais as coisas que acontecem ao seu redor, com mais precisão. Parece ter redescoberto sua antiga vida, aquela da juventude (que buscava a felicidade), seus antigos desejos. 
Começa a dar mais valor ao que a rodeia, sentindo uma grande vontade - necessidade - de viver.

Em resumo, ao meu ver, o cego despertou em Ana a dúvida sobre o que ela está vivendo. Se é o suficiente para ela, se ela não merece mais. Mas, ela se vê presa ao seu mundo. E ao final do dia após ter passado pelo amor e seu inferno - que seria a busca pela felicidade, viver por essa busca que pode ser o amor ao próximo (pelo cego, pelo leproso, pelas pessoas que passam fome), e também a bondade extrema, ela acaba por terminar o dia com o seu marido em sua vida habitual, comum e normal, acalmando seu coração, encontrando-se em casa e ficando em paz.


Vi diversas opiniões sobre esse conto, diversas interpretações. Não sei se a minha é a mais correta, mas é a minha, rsrs... Você tem alguma percepção diferente desse conto? Conta pra mim!


Livros Unicamp 2016
Amor - Clarice Lispector


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